4290444720
O Diário de Valory
Seguindo o Chamado
Nunca imaginei que relembraria minha infância com tanto carinho, mas agora, depois de tantos anos me aventurando, entre podridão e decomposição... Admito que sinto saudade! Claro que foram dias simples e enfadonhos. Lavrando a terra (ou fingindo). Conversando na praça do mercado quando deveria estar vendendo produtos. Entalhando minha flauta em vez de semear sementes. Esgueirando-me da fazenda para dançar a noite toda na taverna...! Mas agora, décadas mais tarde, estou aqui: seguindo uma luz vibrante no céu noturno que irrompeu a neblina da Mortalha há tanto tempo! Sobraram poucos sobreviventes, mas nenhum dos que conheci viu aquela mesma luz no céu. Com sorte, não vão encarar o que vi como mais um dos Contos Valentes da Val contado em volta da fogueira! Valory
Local
O Diário de Valory
Página 1
Nunca Confiei no Silêncio
É macabro e desonesto... Então quando os pássaros que me guiavam subitamente pararam de cantar, e os ventos que farfalhavam as folhas aumentaram em um crescendo silencioso, eu parei. Depois, avistei uma luz brilhante no alto, parecia um reflexo dançando na ponta de uma lança nas copas das árvores, foi quando percebi que era uma armadilha. Uma enxurrada de lanças dos Vukah caiu na minha direção como o fogo destruidor que atingiu Campo de Prado da Colina no dia de sua queda. Mas eu já vivera o bastante nesse mundo para saber o momento certo de esquivar e correr! Fiquei com a cabeça abaixada enquanto balançam o machado. Isso eu aprendi na corte dos reis! Então corri na direção do pôr do sol, deixando que os raios de luz cegassem meus agressores. Eu escapei, e os Vukah não me seguirão até aqui. Pergunto-me por quê... Talvez seja porque estou perto daquela luz assombrosa que rasgou o céu naquela época. Se as estrelas se alinharem, finalmente vou concluir esse capítulo da minha jornada. Valory
Local
O Diário de Valory
Página 2
Encontrei o Bilhete Dela!
A Rainha Jezmina esteve aqui, e seus aliados Antigos invocaram a luz que me guiou! Que reunião estranha! Ainda me lembro dela pequenina no colo da mãe. Suas mãos frágeis mal conseguiam segurar a minha lira. Ela chorou quando quebrou a corda central... Eu a perdoei. Ela queria que fôssemos amigas para sempre, selando a promessa com sangue. Que estranho costume dos Desertos Ardentes, pensei, mas por que não adotá-lo? Lembro-me de fazer um corte superficial. Depois, troquei a corda da lira e ela continuou a tocar com suas bochechas molhadas pelas lágrimas e a palma da mão com pontos vermelhos como cereja. Ainda tenho a cicatriz daquele dia. Nossos caminhos se cruzam novamente, separadas pelo tempo. O objetivo dela é o meu, e minha cicatriz é a dela. Confio que minha jornada não acabará quando eu entrar naquele receptáculo... São muitas aventuras por vir, afinal! Valory
Página 3