3539191718
Só em um Elevador
Dia 1 — O elevador quebrou (de novo)
O elevador quebrou. De novo.
Falei diversas vezes para o supervisor fazer os reparos necessários. Agora estou aqui. Preso no elevador e sem ninguém trabalhando no turno.
Da última vez que isso aconteceu, os rapazes ficaram presos por 2 dias, mas a carga que estava com eles tinha bastante comida e uma pele de dente de sabre boa para dormir. Parece que não tenho a mesma sorte. Tudo o que tenho é um monte de livros, pergaminhos e uma carroça bamba onde posso me deitar.
Pelo menos não vou ter que esperar tanto até me salvarem.
Localização no mapa
Página 1
Dia 2 — Cadê todo mundo?
Alguém deveria ter aparecido, mas o posto avançado está vazio. Ninguém responde aos meus pedidos de ajuda. Pior ainda, acho que ouço algo se arrastando debaixo de mim. Primeiro, achei que fossem bandidos do porto do sul novamente, mas os barulhos não pareciam humanos.
Agora que pensei nisso, o supervisor falou algo sobre a Mortalha estar subindo. Será que eles fecharam o local até segunda ordem? Não importa. Vou ter que me salvar!
Levei um dos carrinhos até a beirada da plataforma e juntei a carga lá. Não era uma altura impossível de se escalar, então eu comecei a juntar alguns livros no topo. Logo perderei toda a luz do sol, então não vou tentar escalar agora. Já é bastante perigoso equilibrar essa construção instável, mesmo sem essa escuridão ameaçadora.
Localização no mapa
Página 2
Dia 3
Malditos livros idiotas
Quem lê livros hoje em dia?
Isso não pode estar acontecendo
Tentei escalar bem ao amanhecer, mas caí da porcaria do monte
A queda foi feia
Meu ombro está doendo, cabeça está zumbindo
E pior, a carroça está quebrada
Se o supervisor vir isso, vou ter que dar adeus ao meu cargo
Vou tentar de novo amanhã
Ou quando eu acordar
Preciso me deitar
Tudo está rodando
Localização no mapa
Página 3
Dia 4?
Não sei quanto tempo eu dormi. Nos meus sonhos, vi ondas azuis aveludadas, enquanto vozes faziam uma serenata me chamando para suas profundezas. Sonho estranho. Deve ter sido porque bati a cabeça na queda. Grito por ajuda. Estou passando fome. Comi papel. Meu estômago dói. Não sinto o meu braço.
Dia 5
Estou sem voz. Parece que minha garganta está fechando.
Sinto um gosto pútrido
Não sei se é do papel ou da minha língua
Dia 6
Tentei escalar para fora de novo. Caí. Nasceu bolhas nas minhas mãos.
O sol está me queimando. As vozes choram.
Por um momento, pensei que o elevador estivesse se mexendo
Minha cabeça está rodando
Dia
Que dia é hoje
Não sei
Ainda tenho fome
Quero comer carne
??
Está no ar
Ao meu redor
As vozes, a podridão
Não tenho escapatória
Não tem ar
Estou afundando para sempre
Localização no mapa
Página 4